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02
Fev11

RAMAL DE CÁCERES AO PARTIR DEIXOU CUSTOS

DELFOS


"Se para os habitantes de Vale do Peso (Crato) e Cunheira (Alter do Chão) o encerramento daquela via - que vai da Torre das Vargens até à Beirã, na fronteira com Espanha, numa extensão de 81,5 quilómetros - representa apenas mais alguns quilómetros andados de automóvel, até à estação do Crato ou ao apeadeiro da Mata, já para as pessoas que residem em localidades como Castelo de Vide ou Marvão e até mesmo Alpalhão, no concelho de Nisa, o encerramento da linha às populações locais pressupõe deslocações de algumas dezenas de quilómetros que, ainda por cima, só em casos muito específicos podem ser feitas num autocarro público.

Face aos transtornos causados às populações directamente afectadas, foram várias as organizações locais e também espanholas que decidiram protestar, na segunda-feira, aquando da última viagem da automotora. A associação Portalegre em Transição, que visa estabelecer estratégias locais para fazer face à crise energética, efectuou um estudo em que foram tidos em conta não só os custos do transporte, mas também os níveis de poluição e a duração dos tempos de viagem.

Tendo por base uma viagem entre a Beirã e Santa Apolónia, em Lisboa, o estudo revela que o trajecto feito por comboio demora 3h40 enquanto o efectuado em transporte alternativo é apenas 31 minutos mais rápido.

O tempo que se ganha na viagem tem, no entanto, repercussões na carteira dos utilizadores. É que enquanto o transporte alternativo fica, em média, por 28,20 euros, já o trajecto feito de comboio pode ficar entre os 23 e os 19,50 euros. O estudo, desenvolvido em parceria com uma equipa do Instituto Superior Técnico, refere ainda que os custos ambientais relativos a cada passageiro são de 5,26 euros no comboio, enquanto em transporte alternativo são superiores a 17 euros.

O ramal de Cáceres começou a ser construído em 1878, sendo inaugurado no ano seguinte. O objectivo inicial era facilitar o transporte, até ao porto de Lisboa, dos fosfatos provenientes das minas existentes em Cáceres. Actualmente, segundo a CP, o transporte regional de passageiros no ramal registava uma média diária de quatro utilizadores.Habitantes de algumas freguesias têm, com o fecho da linha, de realizar deslocações de dezenas de quilómetros."

http://economia.publico.pt/Noticia/medida-com-custos-sociais-economicos-e-ambientais_1478216

01
Fev11

O COMBOIO MORREU NO RAMAL DE CÁCERES

DELFOS

"A vida pode ser irónica até para os comboios. O comboio desta notícia é conhecido por "Calhandra", por ser velho, feio e desajeitado. A "Calhandra" e os seus antepassados andaram durante 131 anos pelos carris do ramal de Cáceres, a ligar as alentejanas localidades de Torre das Vargens e Beirã, no distrito de Portalegre. A aproximar Portugal de Espanha. Ontem fez a sua derradeira viagem, porque já não era rentável.

A CP diz que a média diária de passageiros se escrevia com um dígito: quatro. No dia do derradeiro suspiro, transportou para cima de uma centena de passageiros na última viagem. Tantos que o revisor não conseguiu cobrar bilhete a muitos dos que quiseram contestar mais um encerramento.

"Para dizer a verdade, esta linha pouca gente transporta e aqueles que aqui viajam são, na maioria, funcionários da CP. Mas também é verdade que isto já está mal e a partir de agora ainda fica pior", diz o chefe da estação de Torre das Vargens, João Luís. A estação é um dos extremos de uma ligação com 72 quilómetros de extensão e que serviu directamente, até ontem, as populações de Torre das Vargens, Cunheira, Vale do Peso (um apeadeiro e uma estação onde se carregava madeiras), Castelo de Vide, Marvão e Beirã. A partir de agora deixa de haver comboios regionais. Passam apenas os de mercadorias e os que ligam a Espanha e não param por aqui.

Fugir rumo ao litoral

"O meu marido não pode conduzir até Lisboa. Não consegue. Foi operado ao coração. Na Beirã não há autocarros e para ir de comboio vai ter de se deslocar uma data de quilómetros [até à Linha do Leste, que passa em Portalegre], lamenta Maria José Teixeira, que passa os seus dias entre a pequena localidade fronteiriça e o Porto, de onde saiu há 30 anos. "Que vou fazer? Vou para o Porto e abandono a minha casa e o gado que estamos aqui a criar, ou fico aqui e deixo ao abandono a casa do Porto?", pergunta ainda uma das últimas passageiras da "Calhandra", indiferente ao ritmo arrastado da automotora que raramente consegue dar os 100 quilómetros de velocidade máxima atestados pelo construtor holandês, em 1953.

Indiferente à velocidade está Jacinta Pereira Calada, natural de Monte da Pedra, Crato. "Os velhos precisam de ir ao médico, a Lisboa ou seja lá aonde for. E agora? Como é que vai ser? Os novos ainda podem ir de carro, mas os velhos? Sabe, o Alentejo está muito pobrezinho e agora ainda vai ficar pior", sentencia a mulher, dando continuidade às palavras de Henrique de Matos, que momentos antes, qual filósofo, dissera, convicto: "Muito ou pouco faz sempre falta e tudo o que for para acabar é sempre mau."

António Marques Ramos, que chegou como militar da Guarda Fiscal, em 1972, ao posto da Torre das Vargens, não se mostra convencido do final anunciado. Diz que não pode ser e há pessoas que não vão deixar que aconteça. Depois, a contragosto, começa a acreditar e é então que começa a relembrar histórias da sua profissão e do ramal de Cáceres. "Uma vez fizemos uma grande apreensão de pirex, as pessoas iam muito a Espanha para trazer coisas de pirex... E só podiam ir com passaporte... A gaja do pirex também devia trazer droga. Nós não podíamos revistar mulheres, por isso quem a revistou foi a minha mulher e a de um colega. Mas ela foi à casa de banho e deitou qualquer coisa pela pia abaixo, que eu bem me lembro de ver a água assim a modos que turva... Era droga", diz.

As histórias da automotora Allan (é esse o seu nome de origem) são muitas. O maquinista da última viagem, Manuel Henriques, diz não concordar com o encerramento do ramal. Que quanto menos trabalho houver, mais hipóteses há de a CP dispensar trabalhadores. Lamenta o "isolamento" da região e fala de alguns acidentes. "Os donos das terras nem sempre têm as cercas arranjadas e as vacas acabam por vir para a via. Já todos atropelaram vacas. É um dia perdido. Tem de vir o transporte alternativo e toda a gente perde o resto do dia."

Culpa dos maus horários

De dias perdidos falam outros passageiros habituais, dizendo que o definhar da ligação começou com a mudança de horários. "Quem tiver de ir ao Entroncamento perde todo o dia, porque os horários não permitem mais. Uma coisa que se podia resolver em duas ou três horas acaba por consumir o dia inteiro, por causa dos horários desadequados que arranjaram para o ramal", diz um dos homens que ontem se despediram da "Calhandra" na Beirã. A essa mesma estação acorreram pessoas ligadas a associações cívicas, políticos do Bloco de Esquerda e os espanhóis da Esquerda Unida. Todos unidos na defesa do ramal de Cáceres. "A Alta Velocidade é para Lisboa e Madrid", diz um dos espanhóis. Rita Calvário, deputada do BE, frisa que as pessoas pagam impostos e que merecem ter serviços de qualidade e não o desprezo de quem governa. O seu colega de bancada Heitor de Sousa fala em futuras batalhas no Parlamento.

Uma pequena mole agita-se na gare contra a derradeira partida da "Calhandra". Quando o atraso já é de 15 minutos, a composição, cheia como nunca, empreende a última viagem. Fica a nostalgia de uma automotora que, segundo a CP, estava agora a consumir cerca de 100 litros de diesel por cada outros tantos quilómetros andados. "Mesmo que seja verdade, a CP não pode apenas pensar no lucro. Tem de ter em conta as responsabilidades cívicas", diz o presidente da Junta de Freguesia da Beirã, António Mimoso."

Terça-feira, Jornal Público, 01/02/2011, José Bento Amaro

18
Jan11

O RAMAL FERROVIÁRIO DE CÁCERES FECHA ?

DELFOS
 E no espaço do http://diario.iol.pt/sociedade/comboios-portalegre-cp-ultimas-tvi24/1226552-4071.html anuncia, Ramal ferroviário de Cáceres fecha a um de Fevereiro e desenvolve o tema com:

"Os serviços regionais no ramal ferroviário de Cáceres, entre Torre das Vargens (Ponte de Sor) e Beirã (Marvão), no distrito de Portalegre, são suprimidos a partir de 01 de fevereiro, revelou esta segunda-feira à Agência Lusa fonte da CP.

«É uma questão de racionalidade de serviços e de sustentabilidade económica e financeira da empresa», explicou a directora de comunicação da CP, Ana Portela.
De acordo com a responsável, a média de procura é de «três passageiros por comboio».
A supressão dos serviços surge num momento em que o Grupo de Amigos da Ferrovia Norte Alentejana (GAFNA) lançou uma petição na Internet para que a CP desenvolva trabalhos de «manutenção e melhoramento» dos comboios regionais que circulam no ramal de Cáceres.

«Nós esperamos recolher as 4 mil assinaturas necessárias para que o assunto seja discutido na Assembleia da República (AR)», disse hoje à Lusa Paulo Fonseca, responsável pelo GAFNA.
A petição tem ainda como objectivo combater a supressão do serviço regional ferroviário no ramal de Cáceres. «O GAFNA quer pressionar o Governo e quer também que ele (Governo) perceba que o Norte Alentejano está a caminhar para um isolamento cada vez maior, com o encerramento do serviço regional do ramal de Cáceres», declarou.

De acordo com Paulo Fonseca, a petição foi lançada «há oito dias» e já foi subscrita por «centenas de pessoas». O GAFNA espera entregar a «Petição pela manutenção e melhoramento dos comboios regionais no ramal de Cáceres» antes do final deste mês, de forma a «evitar» a supressão do serviço ferroviário naquele ramal.

«Não vai ser fácil, mas vamos tentar», assegurou. Por isso, o GAFNA está também a promover junto das populações a recolha de assinaturas, de forma a «acelerar» todo o processo e conseguir, desta forma, chegar rapidamente ao objectivo das quatro mil assinaturas.

Paulo Fonseca acusou a CP de «inércia» e de «pouco empenhamento» ao longo dos anos na manutenção daquele ramal, situação que levou os utentes a considerarem aquele serviço «pouco apetecível».
Nesse sentido, o responsável do GAFNA explicou ainda que o actual serviço é «deficitário, os horários inadequados à procura, o material de transporte obsoleto, lento, ruidoso e pouco confortável, com elevado consumo de combustível e elevados custos de manutenção».

O GAFNA não está sozinho no combate à supressão do serviço regional ferroviário no ramal de Cáceres, uma vez que nos últimos dias os municípios de Crato, Marvão e a Junta de Freguesia de Beirã, contestaram também esta medida.

Para o Bloco de Esquerda, esta situação vem contribuir para o «colapso» do distrito de Portalegre. Na mesma missiva, a estrutura partidária sublinha que o distrito de Portalegre «está abandonado», fruto das «ruinosas» políticas de sucessivos governos e à inércia dos representantes locais."

O blog "Gavião no Alentejo" pede mais uma vez ao pessoal, por favor, queiram assinar a petição.
Aconselha uma olhada pelo Tolosa Blog´s que fez um apanhado do que a malta na zona escreveu sobre o assunto.
Continua a acreditar que assunto pode ser levado a Assembleia da República assim vós o quereis...

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