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alentejoaonorte

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02
Fev11

RAMAL DE CÁCERES AO PARTIR DEIXOU CUSTOS

DELFOS


"Se para os habitantes de Vale do Peso (Crato) e Cunheira (Alter do Chão) o encerramento daquela via - que vai da Torre das Vargens até à Beirã, na fronteira com Espanha, numa extensão de 81,5 quilómetros - representa apenas mais alguns quilómetros andados de automóvel, até à estação do Crato ou ao apeadeiro da Mata, já para as pessoas que residem em localidades como Castelo de Vide ou Marvão e até mesmo Alpalhão, no concelho de Nisa, o encerramento da linha às populações locais pressupõe deslocações de algumas dezenas de quilómetros que, ainda por cima, só em casos muito específicos podem ser feitas num autocarro público.

Face aos transtornos causados às populações directamente afectadas, foram várias as organizações locais e também espanholas que decidiram protestar, na segunda-feira, aquando da última viagem da automotora. A associação Portalegre em Transição, que visa estabelecer estratégias locais para fazer face à crise energética, efectuou um estudo em que foram tidos em conta não só os custos do transporte, mas também os níveis de poluição e a duração dos tempos de viagem.

Tendo por base uma viagem entre a Beirã e Santa Apolónia, em Lisboa, o estudo revela que o trajecto feito por comboio demora 3h40 enquanto o efectuado em transporte alternativo é apenas 31 minutos mais rápido.

O tempo que se ganha na viagem tem, no entanto, repercussões na carteira dos utilizadores. É que enquanto o transporte alternativo fica, em média, por 28,20 euros, já o trajecto feito de comboio pode ficar entre os 23 e os 19,50 euros. O estudo, desenvolvido em parceria com uma equipa do Instituto Superior Técnico, refere ainda que os custos ambientais relativos a cada passageiro são de 5,26 euros no comboio, enquanto em transporte alternativo são superiores a 17 euros.

O ramal de Cáceres começou a ser construído em 1878, sendo inaugurado no ano seguinte. O objectivo inicial era facilitar o transporte, até ao porto de Lisboa, dos fosfatos provenientes das minas existentes em Cáceres. Actualmente, segundo a CP, o transporte regional de passageiros no ramal registava uma média diária de quatro utilizadores.Habitantes de algumas freguesias têm, com o fecho da linha, de realizar deslocações de dezenas de quilómetros."

http://economia.publico.pt/Noticia/medida-com-custos-sociais-economicos-e-ambientais_1478216

01
Fev11

O COMBOIO MORREU NO RAMAL DE CÁCERES

DELFOS

"A vida pode ser irónica até para os comboios. O comboio desta notícia é conhecido por "Calhandra", por ser velho, feio e desajeitado. A "Calhandra" e os seus antepassados andaram durante 131 anos pelos carris do ramal de Cáceres, a ligar as alentejanas localidades de Torre das Vargens e Beirã, no distrito de Portalegre. A aproximar Portugal de Espanha. Ontem fez a sua derradeira viagem, porque já não era rentável.

A CP diz que a média diária de passageiros se escrevia com um dígito: quatro. No dia do derradeiro suspiro, transportou para cima de uma centena de passageiros na última viagem. Tantos que o revisor não conseguiu cobrar bilhete a muitos dos que quiseram contestar mais um encerramento.

"Para dizer a verdade, esta linha pouca gente transporta e aqueles que aqui viajam são, na maioria, funcionários da CP. Mas também é verdade que isto já está mal e a partir de agora ainda fica pior", diz o chefe da estação de Torre das Vargens, João Luís. A estação é um dos extremos de uma ligação com 72 quilómetros de extensão e que serviu directamente, até ontem, as populações de Torre das Vargens, Cunheira, Vale do Peso (um apeadeiro e uma estação onde se carregava madeiras), Castelo de Vide, Marvão e Beirã. A partir de agora deixa de haver comboios regionais. Passam apenas os de mercadorias e os que ligam a Espanha e não param por aqui.

Fugir rumo ao litoral

"O meu marido não pode conduzir até Lisboa. Não consegue. Foi operado ao coração. Na Beirã não há autocarros e para ir de comboio vai ter de se deslocar uma data de quilómetros [até à Linha do Leste, que passa em Portalegre], lamenta Maria José Teixeira, que passa os seus dias entre a pequena localidade fronteiriça e o Porto, de onde saiu há 30 anos. "Que vou fazer? Vou para o Porto e abandono a minha casa e o gado que estamos aqui a criar, ou fico aqui e deixo ao abandono a casa do Porto?", pergunta ainda uma das últimas passageiras da "Calhandra", indiferente ao ritmo arrastado da automotora que raramente consegue dar os 100 quilómetros de velocidade máxima atestados pelo construtor holandês, em 1953.

Indiferente à velocidade está Jacinta Pereira Calada, natural de Monte da Pedra, Crato. "Os velhos precisam de ir ao médico, a Lisboa ou seja lá aonde for. E agora? Como é que vai ser? Os novos ainda podem ir de carro, mas os velhos? Sabe, o Alentejo está muito pobrezinho e agora ainda vai ficar pior", sentencia a mulher, dando continuidade às palavras de Henrique de Matos, que momentos antes, qual filósofo, dissera, convicto: "Muito ou pouco faz sempre falta e tudo o que for para acabar é sempre mau."

António Marques Ramos, que chegou como militar da Guarda Fiscal, em 1972, ao posto da Torre das Vargens, não se mostra convencido do final anunciado. Diz que não pode ser e há pessoas que não vão deixar que aconteça. Depois, a contragosto, começa a acreditar e é então que começa a relembrar histórias da sua profissão e do ramal de Cáceres. "Uma vez fizemos uma grande apreensão de pirex, as pessoas iam muito a Espanha para trazer coisas de pirex... E só podiam ir com passaporte... A gaja do pirex também devia trazer droga. Nós não podíamos revistar mulheres, por isso quem a revistou foi a minha mulher e a de um colega. Mas ela foi à casa de banho e deitou qualquer coisa pela pia abaixo, que eu bem me lembro de ver a água assim a modos que turva... Era droga", diz.

As histórias da automotora Allan (é esse o seu nome de origem) são muitas. O maquinista da última viagem, Manuel Henriques, diz não concordar com o encerramento do ramal. Que quanto menos trabalho houver, mais hipóteses há de a CP dispensar trabalhadores. Lamenta o "isolamento" da região e fala de alguns acidentes. "Os donos das terras nem sempre têm as cercas arranjadas e as vacas acabam por vir para a via. Já todos atropelaram vacas. É um dia perdido. Tem de vir o transporte alternativo e toda a gente perde o resto do dia."

Culpa dos maus horários

De dias perdidos falam outros passageiros habituais, dizendo que o definhar da ligação começou com a mudança de horários. "Quem tiver de ir ao Entroncamento perde todo o dia, porque os horários não permitem mais. Uma coisa que se podia resolver em duas ou três horas acaba por consumir o dia inteiro, por causa dos horários desadequados que arranjaram para o ramal", diz um dos homens que ontem se despediram da "Calhandra" na Beirã. A essa mesma estação acorreram pessoas ligadas a associações cívicas, políticos do Bloco de Esquerda e os espanhóis da Esquerda Unida. Todos unidos na defesa do ramal de Cáceres. "A Alta Velocidade é para Lisboa e Madrid", diz um dos espanhóis. Rita Calvário, deputada do BE, frisa que as pessoas pagam impostos e que merecem ter serviços de qualidade e não o desprezo de quem governa. O seu colega de bancada Heitor de Sousa fala em futuras batalhas no Parlamento.

Uma pequena mole agita-se na gare contra a derradeira partida da "Calhandra". Quando o atraso já é de 15 minutos, a composição, cheia como nunca, empreende a última viagem. Fica a nostalgia de uma automotora que, segundo a CP, estava agora a consumir cerca de 100 litros de diesel por cada outros tantos quilómetros andados. "Mesmo que seja verdade, a CP não pode apenas pensar no lucro. Tem de ter em conta as responsabilidades cívicas", diz o presidente da Junta de Freguesia da Beirã, António Mimoso."

Terça-feira, Jornal Público, 01/02/2011, José Bento Amaro

28
Jan11

O COMBOIO AINDA CONTINUA NO RAMAL

DELFOS
"Na sequência das discussões, quer aqui no blog, quer na lista de discussão, sobre o comboio e a sustentabilidade, resolvi fazer um post que espero que seja mais claro sobre o que defendo nesta matéria.
Para atalhar caminho, deixo já claro que enquanto utilizador acho a gestão da CP (conheço ainda pior a da REFER, e por isso não me pronuncio) razoavelmente incompetente. Mas isso é um pequeno problema quando comparado com o grande problema: a gestão da CP é politicamente dependente de gente ainda mais incompetente.
A discussão tem sido despoletada pelas recentes decisões de fecho de algumas linhas, gerando duas posições pavlovianas: os que defendem o Governo, sempre e em qualquer altura, qualquer que sejam os argumentos necessários; os que defendem a manutenção de linhas de comboio, sempre e em qualquer altura, quaisquer que sejam os argumentos necessários.
Misturar a linha da Lousã (que é uma pura estupidez de decisores que deviam ser julgados por gestão danosa e abuso de dinheiros públicos), com a linha do Tua não tem pés nem cabeça.
No primeiro caso alguém decidiu pegar numa coisa que funcionava (bem, mal, com prejuízo, tudo isso podemos discutir, mas funcionava), desmantelá-la, e depois de desmantelar dizer que afinal se enganou nas contas e já não tem dinheiro para fazer nada do que pensou, portanto fica tudo desmantelado.
No segundo caso há uma linha que passa em sítio nenhum, que ninguém usa e que é o exemplo típico das situações em que o comboio não é a boa solução de mobilidade.
Comecemos pelo princípio: o comboio é um meio de transporte pesado que se justifica quando existem grandes números (de pessoas, de carga ou dos dois) a deslocar de um ponto a outro. Nessas circunstâncias o comboio é útil e bem mais sustentável que o transporte rodoviário. Noutras circunstâncias não é assim. À grande vantagem na capacidade de transporte o comboio alia uma baixíssima flexibilidade. Ao relativamente baixo vaor de investimento, o comboio alia um elevado custo de operação.
Ora sustentabilidade inclui sustentabilidade económica.
Faz por isso sentido perguntar se os recursos de investimento disponiveis na REFER devem ser usados na linha do Tua ou no ramal do Porto de Aveiro. Faz sentido perguntar se os recursos na CP devem ser usados na melhoria da eficiência económica dos suburbanos de Lisboa e Porto ou no ramal de Cáceres.
Sim, eu sei que me falarão do facto dos transportes públicos não terem de dar lucro, sim, eu sei. Mas isso não significa que sejam um poço sem fundo, pelo contrário, implica uma definição ainda mais clara de prioridades. E implica que seja a eficiência das linhas que podem ser economicamente sustentáveis a pagar outras onde pode haver um prejuízo sensato. E implica que o Estado seja claro no que quer dos transportes públicos, o que implica disponibilizar os recursos financeiros necessários à execução da sua política (não os necessários à existência de transportes públicos).
É claro que me fez confusão descer ontem na estação (apeadeiro?) de Paialvo e ver uma estação totalmente renovada, não há muito, e fechada. Parece ser um erro de investimento (e está longe de me parecer o único do género).
Dou de barato que existem milhares de erros desses nas políticas de investimento da REFER e da CP, que passam a vida a mudar de vida (como se demonstra com o processo da Lousã).
Mas o facto de ser possível apontar erros, o facto de ser possível apontar um monte de investimentos alternativos ainda mais estúpidos, como algumas auto-estradas vazias (um post que gostaria de ter escrito) ou coisas que não sei classificar como aquele descampado também conhecido por aeroporto de Beja não invalida que não se faça um esforço para evitar a armadilha de defender o comboio sempre e em toda a parte, defendendo-o para funções que ele nunca poderá desempenhar satisfatoriamente.
Essa é uma bela maneira de o enterrar definitivamente."
27
Jan11

O COMBOIO NA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

DELFOS
O Bloco de Esquerda pretende que a Rede Ferroviária Nacional seja modernizada e requalificada em 2011, tendo para o efeito entregue um Projecto de Resolução na Assembleia da República.
O Projecto agora entregue pelo Bloco surje num contexto em que muitas linhas e serviços (Leixões, Setil-Coruche, Beja-Funcheira, Ramal de Cáceres, Tua, Corgo e Tâmega, entre outras) serão encerrados já a partir de 1 de Fevereiro. A par com esta redução de serviços haverá também uma redução de horários e o possível despedimento de 815 trabalhadores como consequência directa.
Para contrariar esta tendência, o Bloco de Esquerda propõe que sejam suspensas todas as medidas visando a redução de serviços, encerramento de linhas ou despedimento de trabalhadores e que sejam desenvolvidos prioritariamente os seguintes projectos:
a) Prosseguimento da modernização da Linha do Norte, nos troços entre Ovar-Gaia e Vale de Santarém-Entroncamento;
b) Início do processo de requalificação e modernização da Linha do Oeste;
c) Reabilitação e electrificação do troço Caíde-Marco da Linha do Douro;
d) Continuação das obras de construção do Sistema de Metro do Mondego;
e) Continuação das obras de requalificação das linhas do Tua, Corgo e Tâmega.

Veja, em anexo, o Projecto de Resolução entregue pelo Bloco.
 in " http://www.beparlamento.net/modernizar-e-requalificar-rede-ferrovi%C3%A1ria-nacional"
26
Jan11

MARVÃO: SUPRESSÃO DE COMBOIOS NO RAMAL DE CÁCERES

DELFOS
Num comunicado da edilidade de Marvão se pronuncia ainda "A C.P. – Comboios de Portugal  assume como sua missão, operar em todo o território nacional, oferecendo serviços de transporte público ferroviário essenciais  para o desenvolvimento do país e para a sua coesão social e  territorial. No entanto a partir de 1 de Fevereiro, o serviço de passageiros no Ramal de Cáceres, inaugurado a 06 de Junho de 1880, será reduzido a um comboio internacional se até lá não for alterada a intenção da C.P. – Comboios de Portugal.
Não entendemos as políticas adoptadas pela C.P. – Comboios de Portugal, que tem, apenas, em consideração a vertente económica / rentabilidade numa perspectiva redutora e de curto prazo, esquecendo a vertente social de um serviço público contrariando o isolamento, a desertificação e o empobrecimento da região.
Entendemos, ainda menos, porque inferimos que na sua gestão, a C.P., se desinteressou completamente pelo potencial deste ramal pois só assim se explica a permissividade perante uma degradação continuada da qualidade da oferta no que respeita ao transporte de passageiros no Ramal de Cáceres durante as últimas três décadas, designadamente, horários inadequados, mau atendimento, falta de informação, transbordos, má qualidade das automotoras, dando assim, escandalosamente, todas as oportunidades à concorrência, (transporte rodoviário) para se apoderar de uma clientela conquistada durante quase um Século.
Há cerca de 30 anos, uma viagem de comboio entre Marvão/Beirã e Lisboa levava, em média, quatro horas e vinte minutos, sem qualquer transbordo, hoje essa mesma viagem demora cinco horas, com transbordo e ainda sem a possibilidade de comprar um bilhete directo para Lisboa. Assim, obrigam-se as pessoas a deslocarem-se mais uma vez á bilheteira e a saltitar de comboio para comboio. Quase parece que falamos de um negócio em que a gerência não quer vender os seus produtos.
Acreditamos que uma melhor gestão do transporte associada às potencialidades da vertente turística tornarão possível a sustentabilidade, promovendo uma alternativa real ao transporte rodoviário, pelo que em meu nome e da Câmara Municipal manifestamos o nosso desacordo nesta intenção e solicitamos uma alteração da mesma.
O Presidente da Câmara Municipal de Marvão
Victor Frutuoso
Marvão, 25 de Janeiro de 2011" no espaço http://www.portalalentejano.com/?p=23763.
23
Jan11

O SECTOR FERROVIÁRIO ESTÁ EM CRISE

DELFOS
O que se está passando amigos e caros, o assunto e problema que se está passando com a linha do Ramal de Cáceres, o blog "Gavião no Alentejo" vos diz que não é só nestas paragens que a empresa CP está de abalada e vai de partida para outras paragens e outras visões.


Não meus amigos e caros, o pensais assim estáis mesmo muito mal enganados. O problema não é só por aqui e zona que se está manifestando. Ora vamos lá a ver se a gente lhe apanha mesmo muita bem, a prosa e a rima, o tocante ao assunto da linha férrea ou lá o boca terra boca terra...


O blog já vos tinha falado, nestas bandas, os nossos compadres alentejanos, os nossos compadres de Beja, que se encontrando com o mesmo problema, a sua linha Beja-Lisboa foi à vida e adeus ou lá Maria que foi um prazer enorme te conhecer um dia...


O blog, como não gosta de deixar a coisa pela metade tinha que vasculhar melhor o assunto. Entra no site e espaço do sindicato SNTSF SINDICATO NACIONAL DOS TRABALHADORES DO SECTOR FERROVIÃRIO e, "Depois desta grande manifestação impõe-se a continuação da luta, porque as empresas, apesar do Ministro afirmar que não há planos, estão a aplicá-los, como se comprova pelas decisões da CP em encerrar serviços no final deste mês e principio do próximo como por exemplo o encerramento do serviço no ramal de Cáceres e entre Setil e Coruche, para além de serviços rodoviários em linhas encerradas, medidas previstas no Plano de Actividades da empresa para 2011."


Mas a coisa não acaba aqui. Era bom u era sim senhora mas ela acaba aqui. Ao entrar no espaço da referida empresa, a CP, se nota algumas deliberações tomada por ela sobre mais linhas :


" 1.º Linha de Leixões  ---  supressão do Serviço Urbano  ---  1 de Fevereiro. A CP informa que, a partir de 1 de Fevereiro de 2011, os serviços Urbanos na Linha de Leixões serão suprimidos. A razão prende-se com o facto de não estarem reunidas as condições para a contuniedade do serviço..."



A coisa muita lenta no referido espaço da empresa citada e a fazer perder a paciência e o blog partiu para outra. No espaço :http://www.publico.pt/Local/pouco-dinheiro-e-pouca-gente-param-o-poucaterra_1473269?all=1 se pode ler :


" O serviço regional é dispendioso e a contenção orçamental não perdoa. A CP vai retirar-se de algumas linhas do país, deixando estações e apeadeiros vazios, e aldeias que já só verão passar os comboios de mercadorias. Na nova geografia ferroviária não há lugar para as regiões do Alentejo e do Norte.Foram-se os centros de saúde, os correios, as escolas primárias. Chegou agora a vez dos comboios. Em algumas terras do interior o pouca-terra vai deixar de apitar porque a CP decidiu suprimir a sua oferta onde ela é especialmente deficitária. O mapa ferroviário português vai voltar a encolher, deixando ainda mais a descoberto extensas áreas do país.

Na calha estão as linhas de Marvão a Torre das Vargens (65 quilómetros) e de Beja a Funcheira (62 quilómetros). Mas os cortes não atingem apenas o Interior profundo. No Ribatejo, entre Coruche e Setil (32 quilómetros) vai desaparecer uma experiência com pouco mais de um ano de reactivação de um serviço ferroviário. E mesmo em plena região urbana do Porto vai acabar uma oferta que começou torta e por isso nunca se endireitou: os 56 comboios diários entre Ermesinde e Leça do Balio (11 quilómetros).

Este serviço numa linha de mercadorias, inaugurado em Setembro de 2009, resultou da assinatura de um protocolo entre a CP, Refer e Câmara de Matosinhos, e deveria ter sido prolongado este ano até Leixões, mas a Câmara de Matosinhos e a Refer desentenderam-se e a CP aproveitou a birra para acabar com um serviço que só lhe dá prejuízo. E com isto já lá vão 170 quilómetros onde as automotoras da CP deixam de transportar passageiros.

Mas há que somar-lhes mais 144 quilómetros, que são as linhas que fecharam em 2009 com a promessa de que seriam reabertas depois de obras de modernização que as poriam como novas. Não foram simples declarações. Houve cerimónias e comitivas lideradas pela então secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, a anunciar a autarcas e a governadores civis o radioso futuro das vias-férreas do Corgo (26 quilómetros) e do Tâmega (13 quilómetros). Meses antes tinham sido fechados os 51 quilómetros da linha Figueira da Foz-Pampilhosa (que serve Cantanhede). A Refer prometeu fazer obras. Mas já não há dinheiro.

E falta a linha do Tua, verdadeiro ex-líbris de um caminho-de-ferro do interior, encravado na rocha, sobre o qual sobraram promessas de modernização associadas ao turismo da região duriense. Da foz do rio Tua a Mirandela esta linha mede 54 quilómetros, parte dos quais ficarão inundados pela barragem da EDP. Por enquanto o serviço é assegurado por autocarros ao serviço da CP, mas, como era de esperar, a empresa vai acabar com isso. Afinal o seu negócio é comboios. Não é autocarros. Nova soma, e chegamos, pois, a 314 quilómetros.

A este mapa (ver página 6) falta juntar a os troços que estão fechados para obras e que, quando reabrirem, já não terão serviço regional. Será o caso do eixo Guarda-Covilhã (46 quilómetros) na linha da Beira Baixa e do troço Pinhal Novo-Vendas Novas na linha do Alentejo (42 quilómetros). Ao todo serão 356 quilómetros de linhas que ficam sem serviço regional, das quais 144 quilómetros desaparecem do mapa ferroviário nacional e 212 manterão ainda comboios de mercadorias e serviços de longo curso. Refer perde receitasEm relação a estas últimas, a supressão dos regionais significa que a empresa pública Refer vai continuar a ter gastos na manutenção e conservação das linhas, mas terá menos receita. Isto porque a CP pagar-lhe-á menos taxa de uso (portagem ferroviária) por já nelas não passarem tantos comboios. Já para a transportadora esta opção global representa um alívio nos seus prejuízos de exploração, esperando a empresa com este cortes contribuir para melhorar os seus resultados operacionais em 2011 na ordem dos 42,3 por cento.

Em entrevista ao PÚBLICO em 2/08/2010, José Benoliel, da CP, afirmava que "o país tem uma meditação a fazer - será que em todos os casos é o modo ferroviário o mais indicado para garantir a acessibilidade? Ou será que em determinadas circunstâncias não haverá outros modos de transporte muito mais aptos e eficazes?" Mas, a ter acontecido, esta meditação foi feita nos gabinetes e não debatida publicamente. A premência do Plano de Estabilidade e Crescimento (PEC) ditou a decisão de acabar com os comboios mais deficitários. No entanto a CP assume como sua missão "operar em todo o território nacional, oferecendo serviços de transporte público ferroviário como essenciais para o desenvolvimento do país e para a sua coesão social e territorial". É o que consta no sítio da Internet da empresa, onde esta também refere que os seus valores são a "Verdade, Honestidade e Transparência". Apesar disso, a CP não deu ao CIDADES o número de passageiros transportados nas linhas que agora vêem desaparecer os comboios regionais, não se sabendo quantos milhares de pessoas são afectados com os encerramentos e o fim do serviço regional.

Mesmo nas linhas em que estes comboios não acabam, haverá redução do serviço prestado. A lista da CP prevê suprimir quatro comboios (dois em cada sentido) entre Régua e Pocinho - o que significa uma redução de 40 por cento face à oferta existente - e um comboio em cada sentido entre Vilar Formoso e Guarda (só circulam aqui três em cada sentido). Entre o Entroncamento e Castelo Branco vão desaparecer duas circulações em seis dias da semana e na linha do Sul serão suprimidos dois comboios diários entre Setúbal e Tunes e mais dois entre Funcheira e Setúbal. A transportadora vai ainda "avaliar a supressão de quatro circulações diárias entre Covilhã e Castelo Branco" e acabar com o único comboio directo que existe entre Caldas da Rainha e Coimbra.

Falta articulação

Em 2010, o serviço regional da CP deu 56,6 milhões de euros de prejuízo (dos quais 48 milhões foram prejuízos operacionais), o que não surpreende, tendo em conta que está desligado das restantes unidades de negócios da CP, com as quais não faz correspondências. A oferta da CP Longo Curso não está alinhada com a do Regional para potenciar o efeito de rede do sistema ferroviário. Há horários em que o comboio regional partiu alguns minutos antes da passagem do Alfa Pendular ou do Intercidades, e noutros casos o passageiro que queira prosseguir viagem não tem correspondência em tempo útil no regional.

A fraca procura - que tem grandes repercussões nos resultados de exploração - não se deve, por isso, apenas ao definhamento do interior. Nem tão-pouco ao facto de a A23 ter praticamente matado o serviço ferroviário da linha da Beira Baixa e de a A8 ter comprometido a procura na linha do Oeste. As razões têm, também, que ver com actos de gestão da CP, que foi relegando o serviço regional para as margens do sistema. Por exemplo, na linha do Norte, onde se situa a maior procura em termos de passageiros, a empresa decidiu que aquele serviço não seria prestado de Aveiro para norte. Quem quiser seguir para o Porto terá de mudar para um suburbano da CP Porto, o que limita as receitas dos regionais em favor da outra unidade de negócios.

Os transbordos desencorajam os passageiros a viajar de comboio (sobretudo se forem idosos, e há-os cada vez mais no país), mas a CP multiplica-os por toda a rede. Recentemente, deputados do PSD viajaram de comboio entre o Rossio e as Caldas da Rainha e tiveram que apanhar três comboios. Do Bombarral para Coimbra é preciso mudar duas vezes e viajar em três composições. E até a linha do Norte tem o serviço regional segmentando, obrigando os passageiros a saltitar de composição em composição.

Não é por acaso que a CP Regional e a CP Longo Curso resultam da cisão da antiga UVIR (Unidade de Viagens Interurbanas e Regionais). A administração separou a "carne do osso", acarinhou o longo curso (que tem uma taxa de cobertura próxima dos 100 por cento e poderá vir a ser privatizado ou concessionado) e deixou os serviços regionais com os prejuízos. E chegados a este ponto, um cidadão que olhe para o descalabro das contas da empresa conclui que as supressões de comboios são um acto de gestão inevitável. "

21
Jan11

SOBRE O RAMAL O BLOG AINDA VAI APANHANDO

DELFOS

Mas no http://www.sete24.com/sete24/?p=7677, de 11 de Janeiro de 2011 se pode ler: "

"Numa nota enviada às redacções, a Junta de Freguesia de Beirã (Marvão), refere que teve conhecimento de que a CP (Comboios de Portugal), tenciona por fim à circulação dos comboios de passageiros do Ramal de Cáceres a partir do dia 1 de Fevereiro, deixando de prestar um serviço público e social a grande parte do Nordeste Alentejano.

O serviço de passageiros no Ramal de Cáceres foi inaugurado no dia 6 de Junho de 1880, passados 131 anos o comboio vai ser retirado, decisão que a Junta de Freguesia de Beirã considera como mais uma perda da história local e acusa a CP de ter apenas “em consideração a vertente económica, esquecendo a vertente social, de um serviço público às populações, promovendo o isolamento, a desertificação e o empobrecimento da região”, lê-se no comunicado.
Em 2010 a CP lançou o Comboio Aventura no Ramal de Cáceres com destino à vila de Marvão em plena comunhão com o Parque Natural da Serra de São Mamede, onde o turismo de natureza constitui uma das vertentes mais procuradas pelos visitantes. esta iniciativa foi acarinhada pela população local, pois o turismo é uma das mais importantes actividades económicas do país, capaz de gerar emprego e desenvolvimento económico. A CP pretende agora terminar com este programa turístico e com os comboios de passageiros.

A Junta de Freguesia de Beirã está confiante que a decisão de retirada dos comboios de passageiros do Ramal de Cáceres não venha a ser concretizada, tendo vindo a sensibilizar a população e entidades para evitarem o encerramento de mais um serviço numa região em que a desertificação é uma realidade cada vez maior."

Entrando no site da referida Junta, a Junta de Freguesia da Beirã, um espaço muito bem conseguido, perfeito, completo, muita diversificado, concretamentamente em http://www.jfbeira.pt/, a referida nos dá um conjunto de fotografias e nos faz um pouco da história da linha da Estação da Beirã que a seguir o blog transcreve:

"Clique para ampliarNo entanto, desde logo se pensou em encurtar a distância por via férrea entre Lisboa e Madrid. Com este propósito, iniciaram-se em 1878 os trabalhos de construção de um novo troço de linha férrea, o qual, separando-se da Linha do Leste em Torre das Vargens, viria a entroncar na rede ferroviária do país vizinho na estação de Arroyo-Malpartida, na província de Cáceres e próximo desta cidade, a qual veio a dar o nome ao novo ramal.
No lado português, a extensão deste ramal é de 72,4 Km. manifestamente exagerada para a distância a vencer. A explicação é fácil, embora anedótica: a empresa construtora era paga ao Km e procurou, tanto quanto possível, aumentar a extensão da linha, com infelizes consequências que ainda hoje se fazem sentir. Com efeito, o traçado principalmente a partir de Vale do Peso, é excessivamente sinuoso e, embora levemente corrigido pontualmente aquando da recente renovação, não permite a realização de velocidades elevadas.
Apesar de tudo isto, a construção processou-se com notável rapidez, se atendermos aos meios da época, pois em 1879 já circulavam comboios de mercadorias. A inauguração oficial, até à estação de Marvão-Beirã efectuou-se em 6 de Junho de 1880, data a partir da qual os comboios de passageiros atingiram também aquela estação. Demorou algo mais a construção do lado espanhol, pois só em 1881 o caminho de ferro chegou a Valência de Alcântara.
A partir de então, este itinerário tem constituído a principal união ferroviária entre Portugal e Espanha.
A estação de Marvão-Beirã foi dotada mais tarde de um belo edifício do estilo chamado português, o qual como os de Vale do Peso e Castelo de Vide, está ornado de painéis de azulejos que ilustram os pontos de interesse do Alto Alentejo e do resto do pais."


O espaço, http://www.bloconiza.org/index.php?option=com_content&view=article&id=375:pela-manutencao-e-melhoramento-dos-comboios-regionais-no-ramal-de-caceres&catid=37:locais&Itemid=53,
disponibiliza em espaço seu o seguinte: 


"O Movimento por Marvão, associa-se a esta iniciativa e apela a todos e todas que nos seus espaços de influência lutem contra o encerramento dos comboios de passageiros no Ramal de Cáceres.


Uma das formas de o fazer pode passar pela assinatura de uma petição pública que podem encontrar no seguinte endereço:


O interior cada vez mais isolado, desertificado, levará Portugal para desequilíbrios inaceitáveis. Não podemos permitir que isso aconteça. As populações do interior merecem as mesmas condições de vida que as do litoral.

MpM
11 de Janeiro de 2011

CRATO: Câmara contra encerramento do Ramal de Cáceres

Na sua primeira reunião de 2011, a Câmara Municipal do Crato, foi aprovado por unanimidade a seguinte posição sobre o anunciado encerramento do Ramal de Cáceres:
Considerandos:
1. A política economicista prosseguida pelo Governo vem agravar as assimetrias existentes no País acentuando o fosso entre o interior e o litoral e votando ao abandono as regiões mais deprimidas do País.
Com o argumento do défice e da poupança a todo o custo o Governo tem vindo a encerrar serviços públicos essenciais à vida das populações – primeiro foram os centros de saúde, os correios, as escolas primárias, os serviços de segurança social, agora chegou a vez dos comboios deixando ainda mais isoladas as vilas e as cidades do interior do País.
2. Para cumprimento dos critérios do PEC aprovados na Assembleia da República pelo PS e pelo PSD e implementados pelo Governo, a administração da empresa pública CP faz tábua rasa da sua missão de “operar em todo o território nacional, oferecendo serviços de transporte público ferroviários como essenciais para o desenvolvimento do País e para a coesão nacional e territorial” e propõe-se deixar 356 quilómetros de linhas sem serviço regional, dos quais 144 quilómetros desaparecem do mapa ferroviário nacional e 212 manterão apenas comboios de mercadorias e serviços de longo curso.
3. Esta decisão que afectará principalmente as regiões onde a oferta ferroviária é mais deficitária prejudicando directamente milhares de passageiros numa estratégia de gestão que, em última análise vem desmantelar a oferta pública de comboios regionais, privilegiando a oferta de longo curso com vista à sua eventual privatização.
Só na região do Alentejo este plano de desmantelamento da oferta regional ferroviária afectará 162 quilómetros de linhas que atravessam os distritos de Beja, Évora, Setúbal, Portalegre e fazem a ligação internacional à Estremadura espanhola.
4. A anunciada desactivação do Ramal de Cáceres, na totalidade dos 65 quilómetros que ligam Marvão a Torre das Vargens, e que integra a estação de Vale do Peso, no concelho do Crato, implica o ainda maior isolamento do distrito de Portalegre e a redução dos seus instrumentos de desenvolvimento, de mobilidade e de emprego.
5. O encerramento do serviço de passageiros no Ramal de Cáceres, na Linha do Alentejo, na Linha de Vendas Novas, na Linha da Beira Baixa, no Ramal da Figueira da Foz, na Linha do Tua, na Linha do Corgo, na Linha de Leixões e no Tâmega, num total de 356 quilómetros de linhas que ficam privados de serviço ferroviário regional, dos quais 194 quilómetros se situam no Alentejo e Ribatejo, significa o profundo desinvestimento do Governo em todo o interior do País e em particular no Alentejo e no distrito de Portalegre, provocando o seu definhamento e o encerramento a prazo de toda uma região.
Com estes fundamentos a Câmara Municipal do Crato deliberou, por unanimidade:
1.
Manifestar-se contra o encerramento das linhas supra identificadas e em especial o Ramal de Cáceres em resultado da anunciada intenção da CP de desmantelar o serviço ferroviário regional, por prejudicar as populações da freguesia de Vale do Peso, do concelho do Crato e de todo o distrito de Portalegre.
2. Solicitar ao Senhor Presidente da República, ao Senhor Primeiro Ministro, ao Senhor Ministro dos Transportes e aos Grupos Parlamentares, a devida intervenção para que seja mantido o funcionamento do Ramal de Cáceres a que as populações da freguesia de Vale do Peso, do concelho do Crato e de todo o distrito de Portalegre têm direito e merecem, garantindo a manutenção dos serviços ferroviários regionais agora postos em causa e promovendo a sua qualificação ao serviço das populações.
3. Tornar pública a presente deliberação.

Crato, 5 de Janeiro de 2011
FONTE: CM Crato"



Mas ontem o blog vos falava meus caros, a de Beja lhe parecia, ao blog, a ligação entre Beja e Lisboa, a coisa e assunto lhe parecia, ficou com a sensação que ia ter uma morte anunciada.
Hoje sem querer, no http://www.alentejopopular.pt/noticias.asp?id=5968 se consta para o vosso conhecimento e para saber o vosso:


"Face à intenção da CP de suprimir a ligação ferroviária Intercidades entre Lisboa e Beja, o Partido Comunista Português apresentou na Assembleia da República uma proposta em defesa da manutenção da ligação Intercidades e da sua qualificação em termos de oferta e também de adequação dos horários às necessidades dos utentes.
Esta proposta foi discutida no Parlamento no dia 12, simultaneamente com a petição entregue em Maio de 2010 e subscrita por 4663 utentes da linha do Alentejo que reclamavam o não encerramento da linha.
«Lamentavelmente, PS, PSD e CDS continuam mais preocupados com os lucros das empresas de transportes do que com os direitos e interesses das populações que dizem representar e inviabilizaram a aprovação da proposta, com os votos contra do PS e a abstenção de PSD e CDS», revela o PCP.
Os comunistas reiteram «a sua firme determinação em lutar pela melhoria das condições de vida de todos os alentejanos, incluindo a melhoria das ligações ferroviárias que devem ser postas ao serviço das necessidades das populações e do desenvolvimento da região».
No projecto de resolução que defende a manutenção do serviço Intercidades Lisboa-Évora e Lisboa-Beja e reclama a sua qualificação em termos de oferta e adequação de horários, os deputados do PCP (incluindo João Ramos, eleito por Beja, e João Oliveira, eleito por Évora) escrevem:
«Depois de em 2006 terem inaugurado com pompa e circunstância a ligação Intercidades Lisboa-Évora, o Governo, a Refer e a CP anunciaram em 2010 o encerramento da linha ferroviária entre Bombel e Évora, com a consequente suspensão do serviço Intercidades Lisboa-Évora e Lisboa-Beja.
Esta decisão foi então justificada pela Refer e pelo Governo com a necessidade de realizar investimentos de requalificação da linha. Apesar de haver a possibilidade de realizar esses investimentos mantendo a circulação dos comboios e a prestação do serviço aos utentes, o Governo e a Refer defenderam que a linha devia ser temporariamente encerrada porque assim a duração das referidas obras poderia ser de 6 meses e não de um ano.
Ao contrário do que Governo e Refer prometeram, afinal as obras vão mesmo durar pelo menos um ano, com todos os prejuízos que daí advêm para os utentes e para as populações.
Para além disto, já então havia uma legítima preocupação relativamente ao que viria a ser o futuro daquelas ligações ferroviárias, tendo o PCP alertado para possibilidade de estar em preparação uma redução de serviços ferroviários.
E não foi só o PCP. Os próprios utentes das ligações ferroviárias entre o Alentejo e Lisboa tinham consciência de que com o encerramento temporário da linha poderia ficar facilitada uma redução das ligações ferroviárias. Por isso foi entregue na Assembleia da República uma petição reclamando o não encerramento da linha e a manutenção da ligação Intercidades entre Lisboa e Évora que recolheu 4433 assinaturas.
Passados oito meses do encerramento da linha e da suspensão da ligação ferroviária, o Governo já confirmou a ultrapassagem do tempo previsto para a realização das obras e surgem agora notícias que dão conta da intenção da CP suprimir o serviço Intercidades, integrando as respectivas ligações no serviço regional, aguardando esta decisão apenas o aval do Governo.
Estas notícias confirmam as preocupações manifestadas pelo PCP e pelos utentes e, a concretizarem-se, traduzir-se-iam num grave prejuízo para as populações do Alentejo e utentes da ligação ferroviária com a capital do País, acarretando ainda significativos prejuízos para uma região já de si muito penalizada pelas profundas assimetrias regionais que se mantêm entre o interior e o litoral do País.
Confirmam ainda de forma muito preocupante que os critérios que norteiam a gestão da CP e a estratégia do Governo são de desmantelamento da empresa e do serviço público e de entrega do sector aos interesses privados, desvalorizando e atacando os direitos de quem trabalha e os interesses dos utentes e do País.
A CP e o Governo parecem estar muito interessados na possibilidade de redução em cerca de 40% dos custos com a exploração da linha que esta redução das ligações ferroviárias permitiria mas não parecem nada preocupados com os prejuízos que daí advêm para os utentes e para o Alentejo».
Perante esta situação, os deputados do PCP propuseram que a Assembleia da República tomasse posição em defesa dos interesses das populações e dos utentes e exigisse do Governo igual comportamento. Nos termos da proposta, o Parlamento devia «recomendar ao Governo que garanta a manutenção do serviço Intercidades Lisboa-Évora e Lisboa-Beja, qualificando-o em termos de oferta e de adequação de horários aos interesses dos utentes e das populações». Infelizmente, os deputados do PS – incluindo Pita Ameixa, eleito por Beja –, apoiados pelos do PSD e PP, chumbaram a proposta."


Vai ser muita interessante, a malta e pessoal da Zona, contemplar o que se vai passar com esta.
Será interessante vir a verificar se esta terá a mesma sorte e morte anunciada e lhe vai seguir o mesmo exemplo que a de Beja e alguém de direito lá na Assembleia da República o destino lhe vai dar o mesmo.
Apetece dizer que Lisboa não gosta mesmo da gente e esta alma alentejana como povo. Nestes tempos que correm está ficando muito apertada a vida destes seres por estas paragens e se está a entrar num deserto. Apetece fugir e ir para Espanha ou Brasil, que não lá Lisboa que não está lá sendo coisa muito boa...


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