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alentejoaonorte

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04
Fev11

TOPÓNIMO DA VILA DE GAVIÃO 3

DELFOS

- DE Informacão Particular, datada de Novembro de 1976, do consagrado (O blog confessa aos seus leitores que também gosta muito. Pelo(s) momento(s) belo(s) que um dia sem querer saboreou...) toponimista António Augusto Batalha Gouveia:

Sob o nome primitivo de huru (depois hur), que entre os antigos egipcios equivale a céu, os seus dois olhos correspondiam ao sol e à lua. Os adoradores desta ave eram numerosos, sendo a mesma considerada como o tótem representativo do "filho do sol", dado que, tal como este, se orientava no sentido leste-oeste no seu voo diário.

O hieróglifo egípcio que traduz a idéia de "deus" é um falcão empoleirado.

Este divino gavião era conhecido pelos nomes de Abu-un, Ra-Harakhutu (grecizado Ra-Harakhtés) e Hur-War ou Har-War.

O primeiro dos nomes citados encerrava o significado de "pai" (abu)"primeiro" (un) ; o segundo exprimia o sentido de "sol" (ra), "falcão" (harakhun) e "deus" (tu); finalmente, o terceiro envolvia o conceito de "céu ou sagrado" (hur ou har) e "grande", "venerável" ou "antigo" (War).

Da palavra egípcia Harakh fizeram os gregos a sua hirakh (falcão); o protótipo huru engendrou o grego horos e o latim horus. A expressão huru-war ou haru-war determinou o helenismo haroeris significativa de "horas, ou Antigo" (Que Maravilha! Assim o blog gosta muito...).

À voz atrás referida abu (pai) foi anteposto a aspiração h, passando assim abu a grafar-se habu. E deste habu que se formou o germânico habuh do qual veio o antigo habug ou habuk que no antigo inglês se escrevia hawoc e no moderno hawk (pronúncia "hoc"), significativo de "falcão".

Por seu turno, a dicção já citada abu-un desenvolveu as diacronias habu-un, haby-un, gabyon, gabião e finalmente a voz portuguesa GAVIÃO. É igualmente do egípcio abu que se originou a voz latina avis (ave), enquanto o composto abu-un engendrou o termo avyon, depois avion (portug. avião).

O basco, língua que os filósofos dizem ser extremamente arcaica, chama ao gavião, gabi-rai. Neste composto reconhece-se o antigo egípcio Ra (sol) e Abu (pai).

Qual será o protótipo do latim falco e que a nasalização emprestada à sílaba final vozeirou falco no antigo português falcon, hoje, falcão?

Tal étimo reconhece-se no supracitado ornitónimo egípcio harakhu, através das formas evolutivas farakhu, falakhu, falaku e finalmente falco.

Da voz faraku fizeram os árabes o antropónimo Faruk, um dos nomes do último rei do Egípcio.

Os gregos chamaram HíèraKõpolis, isto é, "cidade dos falcões", a dois importantes burgos do Antigo Egipcio, onde se adoravam, os falcões "Horus".

Uma destas cidades é a actual Daman-Hur, sendo a outra Kom al-Ahmar, que foi na época histórica a capital do Sul.

Numa outra antiga cidade do delta, Sak-Habu, adorava-se igualmente um Horus-Ra, o qual era representado na iconografia como um homem com cabeça de falcão. (1)

in "Alexandre Carvalho Costa, Gavião suas freguesias rurais e alguns lugares".

03
Fev11

TOLOSA ULTRAPASSA A FRONTEIRA

DELFOS

De informação Particular, de 6 de Janeiro de 1977, oferecida por António Augusto Batalha Gouveia:
"Dos inúmeros topónimos portugueses cuja origem lexial remota a um passado linguístico pré-indo-europeu, TOLOSA é um deles como se irá ter ocasião de verificar.
Tem-se dito que esta graciosa vila do Alto Alentejo foi fundada por elementos do mesmo clã que no sudoeste francês e na vizinha Espanha fundaram outras "Tolosas".
Quer isto dizer que o estudo relativo à origem do topónimo Tolosa servirão simultâneamente aos três países.

Acerca da Tolosa francesa (Toulouse), o Grande Larouse refere que o nome da importante cidade do Alto-Garona teria origem no apelido do rei mítico Tolus, descendente de Jafeth, um dos filhos do Noé bíblico. Por esta lenda, que alguma verdade encerra, se pode aquilatar da extrema antiguidade do topónimo Tolosa.
O interesse da lenda reside na circunstância de os escribas bíblicos considerarem Jafeth como o ancestral dos povos não semíticos nem camíticos, o que o coloca como o Pai dos povos indo-europeus e asiânicos. Estes asiânicos também conhecidos pelos nomes de turânicos ou simplesmente túrias, cujo "ubi", original havia sido o planalto do Turam, habitavam a Ásia Central e Setentrional, tendo-se dividido em três grupos a saber: os Sumérios, que ocupam o sul do Iraque: os Hurritas, que se estabeleceram entre a Síria e o Iraque, e finalmente, os Pro-Hititas que se espalharam pela Anatólia.
Entre os quatro e terceiros milénios da nossa era, operou-se uma migração maciça dos povos turânicos, os quais irradiaram para o Ocidente em várias direcções, tendo atingido a Itália, a Gália e a Ibéria.
Na Itália fundaram o reino da Atúria, nome que os romanos corromperam em Etrúria, designando o mar que lhes ficava fronteiro de Turano, fonetizando Tyrreno pelos habitantes do Lácio. Os turanos ou túrias, tinham como tótem tribal o touro (da raiz Tur), o qual era associado aos astros que comandavam as forças vitais da natureza, principalmente aquelas relacionadas com as perturbações atmosféricas.
O nome português tirano tem origem no gentílico turano, envolvendo aquele o conhecido conceito de "soberano absoluto" ou "despótico".
Entre os etruscos, conhecidos pelos gregos sob o nome de Tyrrenos, pontificava uma deusa do mar chamada Turam, a qual tinha a beleza fascinante da Afrodite grega e da Vénus romana.
Na faixa ocidental ibéria, os historiadores antigos registam a presença de clãs turânicos, tal como se reconhece nos gentílicos Turdetanos, Turoldis, Turones, Túrdulos, etc., povos que habitavam principalmente a área compreendida entre o Rio Mondego e o Litoral Algarvio.
O topónimo pré-cristão de Portalegre era Turóbriga, a qual a Turóbriga foi tempos pré-romanos sede de uma área cultural dedicada a uma divindade Atalgina Turobrigensis Dea.
O fonetismo incipiente das falas pré-indo-europeias, deu lugar a que o timbre da vogal imediana nas bases triliterais sofresse variações, o que fez com que a voz Tur também revestisse a prosódia Tar, a qual, por sua vez desenvolveu os heterófones Thar, Dar, e Der.
Os antigos Persas e os Babilónios, além de decorarem os painéis de tijolos envernizados das portas das cidades, com frisos de touros alados, postavam ainda dos seus lados esculturas de touros antropocéfalos, com a missão religiosa de guardarem e protegerem os citadinos.
Esta circunstância provocou na esfera semântica a conotação dos conceitos "Touro" e "porta" e daí o antigo alto-alemão Turi (actual Tor), o germânico dur, o antigo inglês duru (hoje door) e o grego Thura, todos com o sentido de "porta". Por seu turno o antigo Persa dispunha da variante Thar (actual Dar) para dominar a "porta".
A voz asiânica supracitada Turu "Touro" ou "porta" além do referido termo helénico Thura "porta" desenvolveu ainda a variante dialectual grega puros, donde o topónimo homérico Pylos designativo de Porta. A histórica cidade real persa Astar, também grafada Assar, foi pelos gregos apelidada de "Cem Portas" - Hekatompylos.
A dicção Tur ou Turu, por variação do ponto de articulação da variante r, evolui para Tul, Tulu, Tol, Tolu, etc., fenómeno este comum ao acima citado Puros helénico (Pylos).
Aquando da restauração da Porta de Isthar (corrupção caldaica da voz Astar, literalmente "Deus da Porta" ou "Planeta de vénus") na cidade da Babilónia, ordenada po Nabukhodonosor, este mandou gravar em placas de barro cozido os seguintes dizeres "... revesti a porta com tijolos esmaltados de azul, sobre os quais estavam representados touros selvagens e dragões. Mandei colocar sobre a Porta vigas de cedro revestidas de cobre, com seus suportes de bronze. Altivos touros de bronze e dragões furiosos foram postados à entrada. Embelezei esta porta a fim de provocar a admiração de todos os povos". (Babylone, colecção "Que Sais-je?)
Esta "vaidade" de Nabukhodonosar haveria de se transmitir à posteriedade na expressão portuguesa Tolo (de Tolu "porta"), o que aliás é corroborado pelo alemão Tor (Tolo e porta).

Desta forma se encontra investigado o primeiro termo constituido do topónimo Tolosa, isto é Tol ou Tolu; irei seguidamente examinar o segundo, ou seja osa.

Quando estudei o topónimo Nisa, aludi ao tema Usa ou Uza como sendo um dos nomes pelo qual era conhecido o planeta Vénus.
O Assírio dispunha igualmente da palavra Usa para denominar aquele planeta, já então considerado como o símbolo astral do amor, tendo o mesmo nome passado ao árabe com igual significado.
Donde priviria o termo assírico Usa? Os asiânicos, designadamente os Sumérios chamavam ao Sol o deus Utu. A páreda deste, Uta foi o protótipo do latim Uita "vida". Uta desenvolveu ainda os alófonos Utha, Utsa e finalmente Uza: O nome que os babilónios davam ao seu Noé diluviano era o de Uta - Napyshtym o qual se pode traduzir por "Vida das águas do Senhor".
A propósito do latim Uita oiçamos o que a seu respeito diz o eminente latinista A. Meillet:
"Acerca do latim uita "vida", não tenho a certeza se ele deriva de uinus, "vivo" ou se, por outro lado, não repousará sobre um antigo "gwita" prototipo do grego biotos, encurtado na forma "bios" "vida".

Eis, pois, chegado ao fim deste estudo.

O toponómio Tolosa traduz, como se acaba de ver, o mesmo conceito religioso que os babilónios davam, à maravilhosa PORTA DE ISHTAR, isto é, PORTA DE VÈNUS, PORTA DO AMOR, ou PORTA DA VIDA.
Não admira, pois, que os Tolosanos ou Tolosenses hajam consagrado a sua vetusta terra a Nossa Senhora da Encarnação, a qual através do amor vai servindo os desígnios de Deus."

Que maravilha... Mas foi Alexandre de Carvalho Costa que o cita...

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